Meu nome é Àmnhitô, e eu quero compartilhar com vocês o meu testemunho. Eu ainda era bem jovem, tinha apenas 18 anos quando aceitei Jesus e comecei a estudar a Palavra de Deus. Desde aquela época eu estudo a Palavra de Deus. Eu nunca deixei de estudar pois eu amo os ensinamentos de Jesus!
Quando comecei a participar dos cultos, eu ouvia com muita atenção a pregação. E quando chegava em casa, eu ficava meditando na Palavra ouvida, com muito desejo de aprender. Quando eu tinha dificuldade de entender algum trecho, eu procurava ajuda das irmãs que conheciam Jesus há mais tempo e pedia que elas me explicassem o que eu não conseguia entender sozinha.
Eu comecei procurando ajuda de outras mulheres, mas logo eu soube que o missionário Hélio Trapp (tradutor do Novo Testamento Kayapó) diariamente reunia os homens crentes para estudos bíblicos. Minha sede de conhecimento era tão grande que eu comecei a me aproximar da casa do missionário nos horários de estudo e ficava de longe, espiando pela cerca, procurando absorver os ensinamentos. Até que o missionário me descobriu ouvindo escondida. Ele perguntou se eu queria aprender também. Eu disse que queria muito. Então ele me mandou fazer a volta e abriu a porta para eu entrar e estudar com eles! Naquele dia, eles estavam decorando a sequência dos livros do Novo Testamento. Eu ouvia com muita atenção os irmãos recitando na ordem certa, tentando memorizar também. No segundo dia que participei, o missionário Trapp me falou: “Filha, agora é sua vez! Tente!”
Eu comecei devagar: Matêu, Makô, Ruka, Djuão, Metĩndjwỹnh Karõ… mas não consegui ir muito além. O irmão Beptôri, que mais tarde morreu num acidente de avião, me falou: “Irmã, eu vou ajudar você: Eu digo na ordem e você repete!” E fui repetindo, tentando memorizar. No quarto dia, eu consegui recitar em ordem, de Matêu até Mỳjja Apôx, e quando consegui, o missionário me presenteou com uma Bíblia. * E me aconselhou: “Filha, continue sempre firme em seu propósito de estudar a Palavra de Deus! Não deixe que coisa nenhuma afaste você deste foco!”
Que alegria poder conhecer melhor o Deus que enviou seu Filho para me salvar! Desde que entreguei minha vida a Ele, quando ainda não tinha filhos, até hoje, quando tenho muitos netos e já estou com 56 anos, nunca me cansei de estudar a Bíblia!
Depois, fui batizada pelo pastor Kukônhpati Kayapó, e dediquei mais minha vida a Deus. Comecei a participar ativamente dos cultos. Hoje sou uma das obreiras da minha aldeia, junto com meu irmão, o pastor Kôre’i.
Quando os Missionários Paulo e Eunice fundaram o Seminário, eu não fui por que eu achava que era somente para pastores. No entanto, quando eu perguntei aos missionários e eles me falaram que eu podia participar, imediatamente me inscrevi e no segundo módulo já estava presente. Mais uma vez, eu era a única mulher estudando em um grupo predominantemente masculino, o que não é apropriado pela cultura do meu povo, mas venci mais esse obstáculo pois não podia perder a oportunidade de me capacitar a servir melhor a Deus.
No primeiro módulo que eu participei eu tive muita dificuldade. As aulas eram muito intensas e os ensinamentos profundos. Contudo, eu nem pensava em desistir. Esforcei-me, pedindo ajuda de Deus, e no módulo seguinte, lá estava eu de novo. Dessa vez, não fui sozinha: levei mais duas obreiras da minha aldeia para participarem do curso. E não tive tantas dificuldades como no primeiro módulo. Que alegria chegar ao final de mais um período e vencer mais uma matéria!
No terceiro módulo que participei, levei mais uma aluna. Outras mulheres, esposas dos alunos, também tiveram incentivo para estudar e hoje somos dez alunas, sendo quatro levadas por mim. Isto me dá muita alegria pois a Bíblia nos ensina a fazer discípulos e eu estou conduzindo novas alunas para o Centro Mebêngôkre de Treinamento Bíblico – CMTB –.
E por que quero tanto estudar a Bíblia? Porque preciso ter segurança para ensinar a outras pessoas. Nada me dá mais alegria do que compartilhar a Palavra do Senhor com aqueles que ainda não a conhecem.
Hoje eu posso testemunhar como o Senhor me ajudou a superar todas as barreiras. Minha aldeia é muito longe e às vezes fica difícil conseguir transporte para chegar até Tucumã nos dias do Curso, mas até agora eu só faltei duas disciplinas porque estava muito doente e não tive liberação médica para viajar. E em nome de Jesus, continuarei até a formatura!
(*) Era uma edição experimental do Novo Testamento, que depois de revisado e corrigido, teve sua primeira publicação em 1996.
Texto redigido por Eunice Costa da Silva – missionária atuante na Missão Indígena Batista Conservadora – MIBAC – no estado do Pará.
Durante toda a sua vida como cristã, Àmnhitô nunca deixou de estudar a Palavra de Deus
Quando começou seus estudos no CMTB, Àmnhitô foi a única mulher em um grupo predominantemente masculino. Contrariando os costumes de seu povo, ela não desistiu pois não podia perder a chance de capacitar-se e servir melhor a Deus
Com o passar do tempo, Àmnhitô consegiu mais algumas alunas para acompanhá-la nos estudos bíblicos
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